Carta de Memórias
Quando vim de minha terra
Com as roupas do meu corpo e do meu sonho
Pensei não levar a esperança vã
O meu jumento, um cargueiro, e um jacá
Cingi o cocho no vão
Movia a brasa na trempe
O fogo surgia
E a esperança solitariamente
Que enchiam o peito e o paiol
Tudo era alegria constante
Não era mais um errante
De um desconhecido sol
Subi o rio com um índio gavião
Nas cidades das ribeiras
E nos finais de Pedreiras
Acenavam sinceras mãos
Sou uma carta de memórias
E quem escreve diz
Sou parte dessa história
Que ainda vive em outros filhos
Ainda vivo nessa letra gravada
Nos meus céus a consciência
Na minha terra a essência
E eu ainda vivo nessa palavra
*Poema escrito na década de 2000 para meu avô Severino.