Canto dos bois de Severino
Meu boi da terra distante trouxe no coração
Quando cheguei nas terras do Maranhão
Conheci as terras dadas por uma canção
A canção do espírito dos meus ancestrais
O meu boizinho nasceu na minha terra
As margens dos antigos babaçuais
Vi homens cortando as árvores da mata
Pra fazer suas casas nas terras de Bom Jardim
Vi árvores queimadas e caeiras feitas em escondidos
Do meu povo sofrido tentando conseguir o pão
Vi disputas na espingarda por palmos de terra devoluta
E a nascente da mata no fundo daquelas linhas
Nos currais meu avô laçando o boi
Fazerdo força bruta mais forte que o boi da ilha
E o Ezim com ele, seu filho fiel nas lutas
Severino dormia perto do concho do lado do casinha dos bezerros
Ele andava todos dias naquela terra e plantou um macaxeiral
Ele contruia cercas e girais e botava o gado na solta
Ezim foi na frente e a fúria do boi caiu sobre ele
Quase morre o filho, disse pra Gabriel, que assustado disse, meu pai, meu pai!
Um dia ele acordou cedo e foi pro Sítio de seu pai
E disse: O que fazem essas cabras aqui no curral?
Seu Severino sorriu com o menino, Que cabras Gabriel?
Esse é o boi, o boizinho de Bom Jardim